Verdade é que, se vou escrevendo, lendo, ou mantendo um blogue, isso deve-se tão-só a não conseguir encontrar onde pousar a cabeça e o coração. Perguntassem-me o que eu queria agora, estar a escrever este post, possivelmente, não seria a resposta. É certo que escrever este post é o que eu agora quero, caso contrário não o estaria a fazer, mas, não havendo limitação dos possíveis não seria esta a minha preferência.
Tivesse eu onde pousar a cabeça e o coração, não precisaria disto. Aceitaria, alegre e sem vergonha, uma existência feita toda ela de trivialidades: decidir o que fazer para o jantar, lavar a louça, verificar a água do gato, cuidar da roupa, aguardar com um afago que as crianças voltassem da escola, e um abraço no início de cada dia.
Não havendo isso, sirvo-me da escrita sem respeito e sem pudor, para evitar cortar os pulsos, cortando-os de uma maneira ainda mais funda, ou simplesmente para esquecer um pouco o quanto esta noite ainda vai demorar.