BOOZ
Rute busca em todo o campo
As flores douradas do trigo, passando
Pelas cabanas dos guardadores do pão --
Lança uma doce agitação
E jogos coruscantes
No coração de Booz,
Que ondula bem alto
Sobre as suas searas, ao encontro
Da forasteira segadora.
Rute*
E tu vens procurar-me junto às sebes.
Oiço o soluçar dos teus passos
E os meus olhos são pesadas gotas escuras.
Na minha alma nascem as flores doces
Do teu olhar e ele enche-se
Quando os meus olhos se exilam para o sono.
Na minha terra,
Junto ao poço, está um anjo:
Canta a canção do meu amor,
Canta a canção de Rute.
*Rute, 3.
Else Lasker-Shüler (2002), Baladas Hebraicas (trad. e org. de João Barrento), Lisboa: Assírio & Alvim. Pp.: 79, 81.