Querido Diário
Hoje fui à Biblioteca Nacional e finalmente tenho o meu cartão de leitora. Quando eu disse ao que ia, a funcionária que me atendeu perguntou-me se eu já tinha feito pesquisa. Imaginei que a senhora não estivesse interessada nas minhas pesquisas sociológicas nem nas minhas pesquisas de letras de canções no Google. O mais provável seria estar a inquirir-me acerca do catálogo da própria Biblioteca (onde eu também já tinha pesquisado, sim!, sou uma grande pesquisadora, já se vê). Ainda assim, a pergunta parecia-me ambígua e resolvi confirmar se era a pesquisas no catálogo que se referia. Era. Queria a diligente senhora saber se eu o conhecia e «se estava consciente». Ora bem, eu estava de pé e estava a manter uma conversa com vista a um determinado fim. A não ser que eu estivesse a alucinar e assim continue neste preciso momento, quero crer que estava consciente, sim. Mas não o verbalizei. À semelhança do que se tinha passado antes, fiquei a pensar que o uso da expressão «estar consciente» era ambíguo. Continua a parecer-me ambíguo. Uma segunda hipótese seria a senhora querer saber se eu estava consciente do sítio onde me estava a meter, dos perigos que corria...
Portanto, querido Diário, como faço tenção de passar a frequentar a Biblioteca com alguma regularidade, deixo esta pequena nota. Se eu desaparecer sem explicação aparente, pode ser que alguém te encontre e saiba onde procurar-me.