SOBRE ESTE TEMPO
teremos a importância que quiserem dar-nos
não as paisagens:
o círculo das mãos na sombra de pedra.
ferido animal da terra na dureza da luta
cai o corpo às primeiras sombras do poente...
olhar o infinito número do destino
e contar:
o pássaro terá tecido o rio a todas as asas
o próprio barco, as casas -- aqui sorrio --
e as sombras mais atrevidas...
teremos a importância que quiserem dar-nos
não as miragens.
R. Lino, Atlas Paralelo, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1984.