Shi Tao, 37 anos, poeta e jornalista chinês.
Preso desde 2004.
De Fevereiro a Abril de 2004, Shi Tao trabalhou para o diário chinês Dangdai ShangBao (Contemporary Business News). Nesse período, teve lugar uma reunião de pessoal para discutir a aproximação do 15.º aniversário do massacre de 4 de Junho na Praça de Tiananmen. Esta reunião teve como ponto central um documento emitido pelo Departamento Central de Propaganda chinês dando instruções acerca da recolha de informação e da cobertura do aniversário a ser feita pelos orgãos de comunicação.
Usando um e-mail da Yahoo!, Shi Tao enviou notas tiradas durante essa reunião para websites independentes de expressão chinesa, censurados na China. Em consequência disto, foi preso em Novembro de 2004.
Por altura da sua detenção, os seus escritos, o seu computador e outros pertences pessoais foram confiscados, e a sua mulher avisada de que ele sofreria maus tratos caso ela divulgasse esta informação.
Em Março de 2005, o Departamento de Justiça de Shanghai suspendeu a licença do advogado de Shi Tao, Guo Guoting. Em Abril, após um julgamento secreto de duas horas, com a representação de um colega de Guo Guoting, Shi Tao foi considerado culpado da divulgação ilegal de segredos de estado no estrangeiro.
Depois da sua detenção, o contacto com a família e a representação legal têm sido limitados. Numa visita de 10 minutos, em Março de 2005, as autoridades não permitiram que a sua mãe e irmão lhe dessem medicação para a gripe que o acometia.
Em Abril de 2005, foi sentenciado a 10 anos de prisão e 2 anos de privação de direitos políticos. Um apelo feito em Maio foi rejeitado e a sentença mantida. De acordo com a sua mãe, esta rejeição aconteceu sem ter havido audiência, o que não se coaduna com o direito criminal chinês.
Em Setembro de 2005, foi divulgado que a Yahoo! tinha disponibilizado às autoridades chinesas a informação utilizada para condenar Shi Tao. A Yahoo! Holdings (Hong Kong), Ltd. facultou à polícia as informações de conta de Shi Tao, o que levou ao seu endereço de IP e facilitou a sua condenação.
Shi Tao foi transferido para a Prisão N.º 1, uma prisão de alta segurança na província de Hunan, onde foi proibido de produzir qualquer escrito significativo. Em Dezembro de 2005, foi referido que sofria de problemas respiratórios e de uma inflamação dérmica. Foi forçado a trabalhar numa fábrica que produz jóias, posteriormente vendidas pelas autoridades prisionais. Segundo a sua família, a falta de condições de higiene do seu trabalho e o pó devido a cortar e polir pedras levou à deterioração rápida da sua saúde.
Em Abril de 2006, a sua família - que o pode visitar uma vez por mês -, disse que o seu estado mental tinha degenerado e que sofre de uma úlcera, problemas de pele e de coração.
Shi Tao é um caso entre muitos.
O poema “June”, uma meditação acerca dos protestos e massacre de 1989, foi escrito menos de dois meses após o envio do fatídico e-mail.
É este poema que, numa iniciativa do P.E.N. Internacional, tem estado a ser traduzido para várias línguas. Pela liberdade de expressão.
Este post resulta de informação que pode ser encontrada aqui (em inglês).