quinta-feira, 9 de abril de 2009

Do talento.


«-- Acrescentarei, caro senhor, -- interrompe num tom desprendido o aspirante a escritor -- que não possuo, oh! a mais leve sombra de talento. Sou de uma ausência de talento... magistral! Aquilo a que se chama um «cretino», na linguagem vulgar. O meu único talento é ser batido nos arcanos do boxe inglês e irlandês (...), que são um tanto complicados. Quanto à literatura declaro-lhe que é para mim letra morta e sepultada numa urna fechada a sete chaves.
-- Ora! é impossível! Está a agabar-se!... -- balbucia o director, evidentemente atingido no mais secreto das suas mais velhas esperanças.
-- Sou -- continua o estranho com um sorriso suave -- aquilo a que se pode chamar um pobre escrevinhador, apenas tolerável, dotado de uma ingenuidade de ideias e de uma trivialidade de estilo de primeira ordem. Uma pena banal por excelência.
-- Você? Ora, ora! Ah! Se fosse verdade!...
-- Caro senhor, juro-lhe que...
-- Vá dizer isso a outro! -- insiste o director, os olhos humedecidos e um sorriso melancólico.
Depois, fixando o jovem com uma espécie de eternecimento:
-- Pois, a juventude é sempre assim. Não duvida de nada (...). O fogo sagrado! As ilusões! Uma primeira tentativa e julgam ter atingido a meta!... Nenhum talento, diz? Mas sabe o senhor que é preciso, nos nossos dias, ser um homem dos mais notávis para não possuir qualquer talento? Um home digno de toda a consideraçãoo?... que, na maior parte dos casos, isso apenas se consegue pelo preço de mais de cinquenta anos de lutas, de trabalhos, de humilhações e de misérias e que, quando se chega lá, não se passa de um novo rico? Ó juventude! Primavera da vida! Primavera Della vita! Mas eu, caro senhor, eu, que lhe falo, há mais de vinte anos que procuro um homem QUE NÃO TENHA TALENTO!... Está a ouvir?... Nunca consegui encontrar um único. Gastei mais de meio milhão nesta caça à ave-rara: deixei-me «embalar» por este louco empreendimento! Que quer! Eu era novo, cândido, arruinei-me. Hoje em dia, toda a gente tem talento, meu caro senhor; e você tal como os outros. Nada de pretensões. Creia, é inútil. Já está fora de moda, é truque, já não pega. Sejamos sensatos.»


Villier de L'Isle-Adam (1971), «Dois Augúrios», in Contos Cruéis (trad. Fernanda Barão), Lisboa: Editorial Estampa, pp. 21-22.

25 de Abril de 1974 A Cólera Divina A Mulher Nua A Paixão segundo G. H. A Sede Entre os Limites à Sua imagem a ver a banda passar A Viagem do Elefante Adalberto Alves Adélia Prado Adília Lopes afectos agarra a rapariga pela cintura Alela Diane Amor é descanso de busca Amor Nosso de Cada Um de Nós Amor romântico Amores Ana Hatherly Ana Teresa Pereira Anna Ternheim António Gonçalves Anywhere on this road Aprendi a maravilhar-me April Arnaldo Saraiva Baladas Hebraicas Barry Schwartz Billie Holiday Blame it on my youth Blowin' in the wind Bob Dylan Broken Social Scene Canción de las simples cosas Carlos Ascenso André Ces petits riens Cesar Isella Charlie Parker Christina Courtin Clarice Lispector Com Licença Poética Contos Cruéis Cry me a river Dave Brubeck David Hockney Descansar dos homens despedidas Dias de tempestade e de silêncio Dizzie Gillespie Dizzy Gillespie Egon Schiele Elizabeth Bishop Else Lasker-Schüler Em busca do meu unicórnio azul esta distância que nos une Eugene Wright Extraordinary Machine Falling slowly faz de conta que é um poema Felled Totem I Fiona Apple Fishermen at Sea Foreign Country Fotos Françoise Hardy Frou Frou Glen Hansard Grândola Vila Morena Há muito tempo que que quero escrever este post Helena Almeida Hello Goodbye Her DIsappearing Theme Hilda Hilst Holly Cole Hot House I dreamed a dream I'm a Vamp I'm gonna sit right down and write myself a letter idade inéditos Irene Lisboa Janis Joplin Jeff Buckley Jesca Hoop. Love Is All We Have Joan as Police Woman João Barrento Joe Morello John Parish Jon Brion José Saramago Joy Division Klimt La question Lábio Cortado Laços de Família Laureano Silveira Let go Lhasa Look what they've done to my song Love me if you dare Loveology Lover you should have come over Luísa Costa Gomes Luiza Neto Jorge M. Ward Make It Go Away manuel a. domingos Manuel Mujica Lainez Manuel Poppe mapa Marguerite Duras Maria de Lourdes Guimarães Maria Graciete Besse Maria Tecce Marianne Faithfull Mark Lanegan Marketa Irglová Marquês de Chamilly Melanie Safka My Favourite Things Não se diz mais nada Não sou uma andorinha Nice work if you can get it notas avulsas Nu azul O Diabo e o Filósofo O Marinheiro de Gibraltar O Meu Coração É Árabe O Pássaro de Vidro O Pavão Negro O Unicórnio Ode descontínua e remota para flauta e oboé Oh My Mr. Blue Olhar Fractal Omertà One Art Os Pássaros Brancos e Outros Poemas Ovídio Pablo Picasso página 161 Para não desaprender a fala Para viver um grande amor Passover Patchwork Paul Desmond Paulo César Nascimento PJ Harvey Plácido Poema para o Zé Poesia Vertical por razões que nos escapam Preciosidade Prémio Nacional Trindade Coelho Quem me feriu perdoe-me Querido Diário Regina Spektor Rilkeana Rita Redshoes Roberto Juarroz Rui Almeida Running for our lives Rute sabedoria prática She's Gone Speak Low Stacey Kent Stars of Leo Strange little girl Susan Boyle Suzanne Vega talento Tempo Teorema de Pitágoras Terrified The Ballad of Lucy Jordan The Beatles The Kiss The Queen and the Soldier The Ride The stranglers Thelonious Monk Tom Waits Uberto Stabile Ulla Hahn Um Dia e Outro Dia Um pensamento muitas vezes repetido Um Ritmo Perdido uma espécie de recensão Uma gaivota voava Uma história de amor é sempre extraordinária Ute Lemper variações com pássaro de vidro Vasco Gato Versão de Rute Mota vídeo Villier de L'Isle-Adam Vinicius de Moraes W. B. Yeats Watch her disappear William Turner Woman left lonely Yann Samuell Yma Sumac Zeca Afonso Zeca Baleiro